27 de abril de 2010

Quase...



Hoje o dia começou turbulento. Fui dormir ansiosa porque depois de um mês de espera, hoje finalmente saiu o resultado que eu tanto esperava.
Engraçado como o que se separa a gente da conquista de um sonho e do 'fracasso' diante do mesmo é muito sutil.
É esse quase que nos faz sofrer.E em questão de segundos aquilo pelo que você se empenhou, lutou apenas escorre pelos seus dedos!O sentimento de frustação é tão grande que parece que estou na beira do precipício!

Em homenagem aos acontecimentos do dia hoje, fica um texto!

Quase

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza
do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me
incomoda, que me entristece, que me mata trazendo
tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase
ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda,
quem quase morreu está vivo, quem quase amou não
amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam
pelos dedos, nas chances que se perdem por medo,
nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita
mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher
uma vida morna; ou melhor, não me pergunto, contesto.
A resposta eu sei de cor, está estampada na distância
e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na
indiferença dos “Bom dia”, quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a
alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude
estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria
ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris, em tons
de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige
nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz
dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas
as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não
podem ser mudadas resta-nos somente paciência,
porém preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar
a oportunidade de merecer. Pros erros há
perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis,
tempo. De nada adianta cercar um coração
vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é
instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a
saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo
impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em
você. Gaste mais horas realizando que sonhando,
fazendo que planejando, vivendo que esperando
porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem
quase vive já morreu.

WESTPHAL, Sarah. Disponível em: http://www.pensador.inf/p/
quase_cronicas_de_luiz_fernando_verissimo/3/

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